quarta-feira, 26 de abril de 2017

Com sistema integrado, fazenda de Mangabeiras ajuda no aumento da produção de carne no Matopiba

Criação de boi na Fazenda Santa Luzia, em São Raimundo das Mangabeiras.  Foto: João Batista Passos - Memórias de Mangabeiras.
Levantamento encomendado pela Rede de Fomento à Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), parceria da Embrapa com o setor privado, mostrou que a adesão aos sistemas integrados só cresce no Brasil. Divulgado em novembro do ano passado, o estudo revela que 11,5 milhões de hectares já estão cobertos por algum desses sistemas. O Matopiba -- que abrange parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e o oeste da Bahia, tendo uma área total de 73 milhões de ha -- responde por 24% desse total, com 792.592 ha tomados pela integração, ou 15% da área de ILPF do país.

De acordo com o Coordenador Regional da Rede Fomento para Transferência de Tecnologias em ILPF na Região Matopiba, Marcos Lopes Teixeira Neto, esse é um caminho sem volta, principalmente nesta zona, castigada pela falta de chuvas. “Estamos falando de uma região conhecida por produzir no passado o ‘boi sanfona’, que engordava nas águas e emagrecia na seca”, diz Teixeira Neto. Em 2016, segundo ele, um período de cerca de sete meses sem chuva trouxe prejuízos da ordem 2/3 da produção para produtores que não adotavam sistemas integrados, enquanto que para estes as perdas não passaram de 1/3.


A resposta para essa diferença está no incremento das alternativas disponíveis para o produtor, que diversifica suas fontes de renda. Além disso, segundo Teixeira Filho, na melhoria dos aspectos físicos, químicos e biológicos solo, proporcionado para pela entrada das forrageiras no sistema, que elevam a quantidade de matéria orgânica no meio e contribuem para a ciclagem de nutrientes.

“Assim, o produtor ganha em qualidade do pasto, comparativamente aos sistemas convencionais”, afirma o pesquisador. Na Fazenda Fazenda Santa Luzia em São Raimundo Mangabeiras, MA, unidade de referência da Embrapa, a produtividade da soja subiu de 47 sacas/ha, há 10 anos, para uma média de 59,5 sacas/ha. O rendimento do milho saltou de 90 sacas/ha para 153 sacas/ha. E a produção de carne, por sua vez, Teixeira Filho afirma que saiu de um patamar ínfimo, em que se tinha 0,8 UA/ha na seca para 9,8 @/ha na entressafra, com 2,4 UA/ha. “Terminar um boi que entra no pasto em maio, junho com 10@ no Matopiba e fazer com que ele saia, quatro meses depois, em setembro, outubro, com 17, 18@ é um grande avanço para nós”, diz o técnico da Embrapa. Além do pasto, nesse intervalo os animais são suplementados com sal proteinado. Nos últimos 10 anos de experimento, a produção de madeira foi de 280 m³, para lenha e carvão.

No período das chuvas, parte da área fica coberta pela safra de soja, enquanto o restante é dedicado à pastagem permanente, eucalipto, acácia mangium e à preservação permanente (APP). Após a colheita da soja, em uma porção se faz a semeadura da safrinha de milho e forrageiras na primeira janela de plantio; sorgo granífero e feijão comum ou feijão-caupi na área da segunda janela de plantio e milheto e Braquiária ruziziensis em sobressemeadura da soja na última janela de plantio, completando o uso da área na entressafra com terminação de bois na pastagem oriunda do consórcio, além do eucalipto, acácia mangium e a APP. O processo é repetido sucessivamente.

Nos dias 1° e 2 de junho próximo, tudo isso poderá ser visto de perto pelos produtores que visitarem a unidade de referência em em São Raimundo Mangabeiras, MA. De acordo com Teixeira, esse é o segundo evento promovido pela Rede de Fomento na área, com o intuito de apresentar novas alternativas para o agricultor e pecuarista da região. Hoje, 89% das é areas de integração no Matopiba, segundo a Embrapa, adotam o sistema ILP, 5% o ILPF e 6% o IPF.

Boi tropical - No dia de campo deve ser apresentado mais uma vez ainda o boi tropical, cruzamento industrial da raça brasileira Curraleiro Pé-Duro com raças como o Nelore, Senepol e Angus. Segundo Texeira, em 2017 deve acontecer a primeira comercialização de sêmen desse animal, com a venda de mil doses. O novo bovino, criado em pastagens nativas, é mais precoce que o Nelore e vai para o abate com apenas dois anos de idade, pesando 45 quilos de carne a mais. Sua adaptabilidade é maior quanto ao calor, escassez de água e condições das pastagens nativas brasileiras. 

Fonte: Portal DBO